A pneumonia canina é uma doença bastante comum em clínicas veterinárias especializadas em animais de pequeno porte, e pode trazer sérios riscos à saúde dos pets.
É importante conhecer os principais sinais da doença, assim como o diagnóstico e tratamento adequados para lidar com essa condição. As doenças respiratórias são extremamente relevantes na área veterinária devido ao alto índice de mortalidade e morbidade associado a essas enfermidades.
O papel do Médico Veterinário é fundamental para realizar um diagnóstico preciso e assim direcionar o tratamento adequado para cada caso individualmente.
As doenças respiratórias são divididas em dois grupos principais.
O que é a pneumonia canina?
A pneumonia canina é uma doença respiratória que afeta principalmente o trato inferior das vias respiratórias. Ela pode ser causada pela entrada de diversos agentes infecciosos ou não-infecciosos nos pulmões.
A presença desses agentes pode levar a inflamações nos brônquios, bronquíolos e alvéolos, reduzindo a capacidade respiratória e comprometendo a troca de gases. Isso causa desconforto respiratório e prejudica o funcionamento do organismo devido à possível falta de oxigênio.
Em casos mais graves, a infecção pode se espalhar pelo corpo, causando sepse e levando à morte do animal. Além disso, em casos crônicos, a pneumonia pode evoluir para bronquite crônica ou bronquiectasia.
Tipos de pneumonias que afetam os cães
Essa resposta inflamatória do organismo que ocorre em quadros de pneumonia pode se manifestar de diferentes formas, como:
É essencial que o Médico-Veterinário saiba realizar o diagnóstico diferencial para identificar a origem do problema que afeta o animal, uma vez que o tratamento das infecções é completamente diferente.
Vale ressaltar que o uso inadequado de medicamentos pode causar a resistência de agentes infecciosos, um problema não apenas na medicina veterinária, mas também na medicina humana. O uso correto de medicamentos é fundamental para obter mais sucesso nos tratamentos dos animais de estimação e contribuir para sua saúde em geral.
O prognóstico dependerá de vários fatores, como a origem da pneumonia presente, o estado geral de saúde do animal e a resposta ao tratamento recomendado, entre outros.
Compreendendo a pneumonia bacteriana
A pneumonia bacteriana é frequentemente observada na rotina da clínica veterinária em comparação com outros tipos, como pneumonia parasitária e fúngica.
Portanto, é uma condição relevante e é importante que o médico veterinário seja capaz de fazer um diagnóstico preciso para fornecer o tratamento adequado ao paciente. Nesse tipo de condição, a infecção pode ocorrer de forma primária ou secundária, uma vez que outras condições e eventos podem enfraquecer o sistema imunológico dos animais ou introduzir agentes patogênicos nas estruturas pulmonares, tornando-os mais suscetíveis a infecções bacterianas secundárias.
A doença é considerada uma resposta inflamatória adquirida em decorrência da presença de bactérias no tecido pulmonar dos cães, caracterizada pela exsudação de células e fluidos para as vias aéreas e espaços alveolares.
Já sobre a origem bacteriana, a afecção nos cães pode ocorrer pela presença de diversos agentes, sendo os isolados mais comuns: Bordetella bronchiseptica, Mycoplasma, Streptococcus, Escherichia coli, Pasteurella, Staphylococcus, Pseudomonas e Klebsiella.
Vale ressaltar que uma afecção de origem não infecciosa pode favorecer para o surgimento de uma infecção bacteriana secundária, uma vez que o sistema imunológico do animal é afetado e, consequentemente, pode atrair a presença de patógenos oportunistas.
Predisposição racial e fatores predisponentes
A pneumonia bacteriana pode afetar cães de todas as raças, tamanhos, idades e gêneros. No entanto, é mais comum em cães idosos, animais com o sistema imunológico enfraquecido ou que possuem certas condições de saúde.
Além disso, alguns outros fatores podem contribuir para o seu surgimento, como:
A doença também pode ser comum nos filhotes, visto que ainda estão desenvolvendo a imunidade e podem apresentar a doença na forma mais grave.
A afecção também pode acometer os felinos?
Embora seja mais comum em cães, os gatos também podem ser afetados pela doença.
Os sinais clínicos são semelhantes, mas a tosse geralmente não está presente. O Mycoplasma spp. é o patógeno mais frequente nos casos de pneumonia em gatos, podendo haver também a presença de outros como B. bronchiseptica, Pasteurella spp. e Moraxella spp.
Além disso, quando afetado pela B. bronchiseptica, o gato pode se tornar portador da doença e passar por períodos de eliminação do agente em situações pós-estresse ou pós-parto, aumentando as chances de infecção dos filhotes.
Sinais clínicos de pneumonia canina
O animal afetado pode apresentar diferentes manifestações clínicas, sendo a falta de ar um sintoma bastante comum.
Isso ocorre devido à dificuldade de expansão dos pulmões causada pela congestão provocada pelo processo inflamatório e acúmulo de secreções nas estruturas pulmonares, o que gera dificuldades na respiração.
As manifestações clínicas mais frequentes nos casos de pneumonia canina e felina incluem:
Caso haja alguma infecção concomitante, além dos sinais clínicos citados, pode haver a manifestação de outros, com variabilidade da gravidade de acordo com cada caso.
Diagnóstico
É fundamental que o Médico-Veterinário investigue a doença para determinar se a infecção é de causa primária ou secundária, além de identificar com precisão o tipo de pneumonia presente, a fim de estabelecer o protocolo de tratamento mais adequado.
O diagnóstico envolve uma anamnese detalhada, avaliação dos sinais clínicos apresentados pelo paciente, exame clínico e solicitação de exames complementares. A realização de exames de imagem é essencial para auxiliar no diagnóstico.
No raio-X, podem ser observadas alterações nos campos pulmonares que indicam mudanças na radiopacidade das áreas afetadas. O padrão das alterações radiológicas ajuda a direcionar qual tipo de agente pode estar envolvido.
No diagnóstico de cães com a doença bacteriana, é comum encontrar alterações radiográficas como um padrão alveolar caracterizado por densidades pulmonares aumentadas, margens indistintas, broncogramas aéreos ou consolidação lobar.
Em gatos, os padrões pulmonares podem variar e incluir alterações intersticiais e alveolares irregulares e multifocais, além do padrão nodular difuso. Caso haja suspeita de pneumonia bacteriana, o exame de cultura com antibiograma pode ser solicitado.
A realização do antibiograma é importante para identificar corretamente a bactéria causadora da infecção. Além disso, permite avaliar quais antibióticos são eficazes no tratamento daquela bactéria em particular, tornando possível direcionar o tratamento mais adequado ao animal e prevenir problemas relacionados à resistência bacteriana.
Tratamentos para pneumonia em cães
O tratamento da pneumonia canina envolve uma série de medidas, como proporcionar repouso ao paciente em um local quente e protegido de condições climáticas frias. Além disso, é importante fornecer uma alimentação adequada, realizar a reidratação do paciente e administrar medicamentos quando necessário, entre outras ações necessárias para o cuidado do animal.
O Médico-Veterinário também pode recomendar outras medidas de acordo com o caso, como:
A utilização de expectorantes deve ser feita com cuidado quando há presença de bactérias e levando em consideração o estágio da infecção. O uso prematuro pode causar a disseminação das bactérias, já que o objetivo do medicamento é promover a expectoração das secreções que, no caso da pneumonia bacteriana, estão altamente contaminadas pelos agentes patogênicos.
Dependendo do caso e após uma avaliação individualizada, o profissional pode incluir o medicamento no protocolo alguns dias após o início do tratamento com antibióticos. Além disso, outros tratamentos complementares podem ser recomendados conforme a condição clínica do animal e a evolução do quadro.
A internação do animal pode ser necessária em casos de dispneia significativa ou presença de múltiplos sintomas sistêmicos, como dificuldade para respirar, falta de apetite, febre alta, perda de peso e falta de energia.
Esses animais devem ser cuidadosamente monitorados e provavelmente precisarão de tratamentos específicos, como terapia com oxigênio, administração de medicamentos intravenosos e realização frequente de exames para acompanhar a evolução do quadro.
Formas de prevenção e recomendações aos tutores
Para fortalecer o sistema imunológico dos animais, é importante que o tutor proporcione uma boa nutrição ao pet, bem como adeque os cuidados (incluindo os ambientais) para protegê-lo de correntes de vento e chuvas, por exemplo. Além disso, é fundamental manter as vacinações sempre em dia e levá-lo para consultas de rotina, visando a saúde geral e o bem-estar do animal.
É essencial também garantir a higienização adequada do ambiente em que o pet vive, utilizando água e sabão, detergente e desinfetantes apropriados. Os comedouros e bebedouros devem ser limpos diariamente. É recomendado evitar a superpopulação de animais.
A importância da adequação dos manejos nutricionais
Tanto para prevenir quanto para tratar quadros de pneumonia bacteriana em cães e gatos, é essencial adotar adequados manejos, especialmente no ambiente e na alimentação. Um manejo nutricional adequado contribui para o desenvolvimento e desempenho do sistema imunológico, além de garantir o bom funcionamento do organismo, como um todo.
Isso não só ajuda a evitar diversas doenças, como também facilita a resposta aos tratamentos medicamentosos propostos. Além disso, uma boa nutrição previne o surgimento de infecções oportunas. É importante oferecer alimentos conforme as necessidades de cada raça, porte e fase de crescimento do animal. Os alimentos devem ser ricos em proteínas e outros nutrientes, além de fornecer níveis adequados de energia/calorias.